terça-feira, 20 de maio de 2014

Frio nos pés

Aquecimento global
Guerra, desigualdade
Guia de violência gratuita
Vírus criado para matar

Ganância, manipulação de massas
Derretimento cerebral
Abatedor de sonhos
Liberdade controlada

Intolerância
Desconhecimento
Inércia mental
Catástrofe social

Sorrir é o melhor remédio

terça-feira, 15 de abril de 2014

Rabisco

apenas sopros no vácuo
suspiros no caos
cabelos ao vento
ordens venenosas

não ha nada para esconder
quando a manhã enche os olhos
e a noite descansa os erros
tolos e belos

apenas um soco nos dentes
delicado como mordidas famintas
assim o calor da alma
esquenta a carne incrédula 

fumo sua boca
e rabisco a despedida

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Corte!

Corte meus laços
corte meus traços
corte o que resta
Corte!

Corte minha burrice
corte minha estupidez
corte minhas vontades
Corte!

Corte os pelos
corte as unhas
corte as duvidas
Corte!

Corte minhas lágrimas
corte minhas lastimas
corte minhas vaidades
Corte!

Corte a seda
corte essa cara de merda
corte a resposta doce
Corte!

Corte a ponta daquela estrela
corte o ponto onde tudo começa
corte o fim da inspiração
Corte!

Corte!

Corte! Saiba da insignificância implícita.


Corte porra!
Corte!


sábado, 18 de janeiro de 2014

o eterno dançarino

Certa tarde, estou eu entre os corredores do mercadinho da minha rua, perdido como habitualmente, tentando lembrar quais itens devo comprar para não me frustar ao chegar em casa. É clássico: vou lavar a louça e não tem detergente, vou fritar um ovo e nada de óleo, uma triste sina.. Pois bem, me levo então a esse estabelecimento afim de solucionar minhas pequenas equações existenciais, e obviamente, ali, frente a todos os itens dos quais preciso, não me recordo que preciso deles. Mas a fome, sentimento nobre, me dá uma direção: quero pães!
Me dirijo então até a cesta onde os pãezinhos franceses mais gostosos estão a me aguardar e, pra minha alegria, acabaram de sair; estão lindos e quentinhos!
Um senhor está em minha frente apanhando, com um pegador único, seus pães. E aí me dou conta da peculiar maneira como esse senhor se move; devido a alguma desventura que lhe ataca os nervos, imagino, tudo o que ele faz se torna uma dança, trágica e bonita. Trágica pois ele não me parece ter controle sobre aqueles movimentos; bonita por que mostra a determinação daquele homem, que não espera a piedade de ninguém sobre sua condição e realiza a sua vida numa eterna dança desajeitada.
Espero ele terminar de pegar seus pães, pego quatro para mim, e vou para o caixa. Pago. O senhor "dançarino" está atras de mim na fila do caixa; enquanto empacoto meus itens, ele dança pra pagar, dança pra ensacar suas compras e dança para guardar o troco. A essa altura, já dei de costas rumo a minha casa. Chego e vou lavar a mão para preparar meu lanche... Ótimo! Esqueci o sabonete.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

o silêncio e o passar das horas

O silêncio e o passar das horas
Me invadem com sua beleza
O silêncio é esplendoroso, sem ele não existira a música
E o doce passar das horas é um alívio,
 cada vez mais próximo do destino final

O que seria de mim sem o silêncio e o passar das horas?
Juntos carregam pra longe o que acontece agora
E trazem pra perto o que está pra acontecer
Em silêncio as horas passam
Enquanto as horas passam silêncio.

Todo som vem do silêncio e nele encontra seu fim
Tudo vem com o tempo e com tempo tem que partir.

mariposa do alasca



Mito, fato, acaso ou razão
Aquilo, que de mim, se põe pra fora, foge

Grito, rasgo, calo ou consequência
Aquilo, que em mim, se apresenta, marca

A repetição que torna o caminho dos dedos natural
Cria a couraça que suporta o aço
A repetição que torna o caminho das lágrimas cotidiano
Derruba encostas e isola

Hoje sou raso
Dou pé
Não apresento perigo
Nem nada

O jovem em busca de aventuras morre
Mas nem toda a morte é verídica
Como uma espécie de lagarta do Alasca
Por quatorze anos morro e volto
Será que mereço minhas asas?
Juro, juntei tudo que pude

Faço meu casulo
Se for pra sair daqui
Que seja para voar












esganado

Sou uma gota que correu
De uma fonte seca
Sem para onde ir, nem para onde vir
Seco, vôo

Sou um inseto ingrato
Cansado da lida, saio da trilha
Encontro minha sina na ponta da língua
Molho, desço

Sou a dor escondida no tempo
Varrida pra baixo dos panos
Deixada pra morrer, insisto em viver
Ah! Bom dono, parto

Sou um rato sem dentes
Fuçando os restos do gordo
Guloso, deixa só os ossos
Faminto, engulo e entalo
Esgano, resolvo